Tipo Mestrado
Ano 2015
Orientador PROF.º DR.º FELIPE DA COSTA TROTTA
Título ENTRE O “BREGA” E O ROCK: A RESSIGNIFICAÇÃO DA MÚSICA DE ODAIR JOSÉ
Resumo O A proposta desta dissertação é discutir a ressignificação da música do cantor e compositor goiano Odair José, tendo como eixo principal sua busca por legitimidade através da negociação com o gênero musical do rock’n’roll. Filiado à estigmatizada rubrica musical “cafona” (ou “brega”, já que adotaremos os termos como sinônimos) desde o início de sua carreira — fim dos anos de 1960 —, Odair José experimenta a partir dos anos 2000 um deslocamento que sugere sua legitimação no campo cultural do país; dentro desse processo um dos vetores é justamente aquele que aponta para sua suposta “vocação roqueira”. Sob a égide de mediadores culturais, que sustentam e fomentam a ideia de ressignificação daquele que, nos anos 1970, ficou conhecido como “terror das empregadas”, o artista passa a levar suas canções a palcos onde são consumidas por um público antes distante de seu repertório. Amparados por historiadores e pesquisadores que se debruçaram tanto sobre a música popular brasileira como sobre o universo complexo da “música popular cafona”, pontuaremos inicialmente seus aspectos que julgamos mais relevantes para, em seguida, fazermos uma espécie de cartografia do trânsito de Odair José pelas balizas do “brega” e do rock. Observaremos que a “aptidão roqueira” do músico não surge como uma “habilidade” fortuita ou inventada, ou seja, muitos pontos em seu passado (sobretudo seu disco O filho de José e Maria, de 1977) são constantemente evocados no sentido de pavimentar seu trajeto em direção ao gênero supracitado. Cumpre reter que a noção de música de “mau gosto” impingida ao “cafona/brega” terá como arcabouço teórico alguns postulados de Pierre Bourdieu, notadamente seus estudos sobre gosto cultural. Poderemos, então, refletir sobre a noção de legitimidade, que é justamente o que Odair José e seus (novos) aliados vêm perseguindo a partir dessa articulação com o rock’n’roll. Partiremos da premissa que a despeito de certa aventura festiva em torno do “brega” atualmente — sua associação ao famigerado termo cult, por exemplo —, o conceito segue constrangido pelo espectro do “mau gosto”, portanto mal posicionado nas hierarquias da produção artística. No que segue, a estratégia é “redesenhar” Odair José sonora e discursivamente. Assim, todo um conjunto de signos (localizados no presente e no passado do artista) passa a ser manejado por ele e por seus mediadores para que o “terror das empregadas” possa dar de ombros ao universo “cafona” ao mesmo tempo em que propõe uma nova identidade musical. Guitarra no pescoço, novas parcerias musicais e almejando renovar seu público, quer entrar em cena o “Odair José rock and roll”.

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