Tipo Doutorado
Ano 2014
Orientador PROF.ª DR.ª ANA LÚCIA SILVA ENNE
Título SOB O SIGNO DA INFÂMIA: jovens homicidas/suicidas e as estratégias comunicacionais de inscrição post mortem
Resumo Esta tese tem por objetivo refletir sobre crimes de homicídio/suicídio cometidos por
jovens na circunscrição de instituições de ensino. Nosso corpus de análise se restringe a
um tipo específico de perpetrador que busca o desenvolvimento de produtos
comunicacionais, a partir de linguagens e suportes diversos, com o intuito de subsidiar o
trabalho de apuração da mídia hegemônica a respeito de seus crimes e, assim, intervir e
disputar com esta, após a sua morte, o direito de significar e representar midiaticamente.
Partimos da hipótese de que tal embate é resultado do aprimoramento de uma
competência comunicacional (MARTÍN-BARBERO), fruto de um intenso processo de
midiatização, que fomenta nestes indivíduos a percepção de uma existência postmortem que se viabiliza por meio de operações midiáticas sustentadas por políticas de
memória. A partir do gesto criminoso, tais jovens se convertem em sujeitos infames do
delito e do discurso (FOUCAULT) e evidenciam um paradoxo: em tempos de grandes
investimentos em técnicas e intervenções que visam a prorrogação da vida, estes se
investem da potência indomesticável da morte para forjar um tipo de existência que
passa, necessariamente, pela imagem midiatizada e pelo auto-aniquilamento biológico.
Tal fenômeno será estudado à luz dos eventos criminais protagonizados pelo sulcoreano Cho Seung-Hui, pelos finlandeses Pekka-Eric Auvinen e Matti Juhani Saari,
pelo brasileiro Wellington Menezes de Oliveira, pelo norte-americano Jeffrey Weise e
pelo francês Mohamed Merah. Nos dedicaremos, dessa forma, a esboçar uma proposta
de análise que acreditamos ser capaz de abarcar tantos as experiências
homicidas/suicidas elencadas na presente investigação, quanto outras pesquisas que
fazem interface entre a comunicação e a violência a partir de eventos criminais que
incorporam em seu cerne produtos de mídia apresentados como indissociáveis ao
próprio delito. Para tanto, desenvolveremos a tipificação do que convencionamos
chamar de obra crimino-comunicacional.

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