Tipo Mestrado
Ano 2011
Orientador PROF.º DR.º FERNANDO ANTÔNIO RESENDE
Título AS NARRATIVAS DA ATHENAS BRASILEIRA modos de dizer e modos de ser no jornalismo maranhense
Resumo O trabalho analisa as formas narrativo-discursivas no e sobre o jornalismo impresso
maranhense e as relaciona a contextos histórico-culturais, com objetivo de compreender os
modos de dizer e os modos de ser do jornalismo do Maranhão, em especial, os processos de
construção de valores. Optou-se por pensar o jornalismo maranhense e seus valores a partir do
mito da Athenas Brasileira, construído, na primeira metade do século XIX, por – homenssemióforos
– sujeitos que se dispunham a intérpretes do seu tempo. Mito revisitado e
atualizado, desde 1832, como um espaço simbólico de poder e legitimação social que subjaz
aos processos de diferenciação do (s) Maranhão (ões), presentes nos modos de dizer e de ser
do jornalismo. Problematiza-se, assim, o jornalismo como semióforo da sociedade,
enfatizando-se a função de representação e mediação das narrativas no processo de
construção, reprodução e traduções do (s) Maranhão (ões), construídos discursivamente. 459
notícias do Jornal O Estado do Maranhão e 449, do Jornal Pequeno – fotografadas dos
acervos destes jornais – constituem o universo da pesquisa do qual se extraiu o corpus da
análise, composto por 108 matérias jornalísticas, selecionadas pelos critérios de regularidades
temáticas, identificação de disputas por hegemonia política e pelas falas do e sobre o
Maranhão, centradas na personagem José Reinaldo Tavares, ex-governador do estado (2003-
2006), tendo em vista o rompimento político do governador com o grupo Sarney, uma
situação que desestabilizou o grupo hegemônico da política maranhense. Concentrou-se a
análise em três momentos ou fases: a pré-ruptura, quando o governador estava alinhado ao
grupo Sarney; a ruptura, quando a crise se instala entre o governador e o grupo e a pósruptura,
quando, concomitante à crise política (ou como parte constitutiva desta), travam-se
duas guerras: nas hostes políticas e na imprensa, tendo em vista que os meios de comunicação
tornam-se porta-vozes dos grupos em disputa. Para dar conta das questões aqui abordadas,
fundamenta-se teoricamente essa pesquisa com as teorias do jornalismo, da narrativa e do
discurso, problematizando o jornalismo entre os atos e as falas; a história do jornalismo; os
processos de construção de valores pelo jornalismo, além dos marcos histórico-contextuais do
estado do Maranhão. Para a análise, trabalhou-se com a metodologia da análise pragmática da
narrativa (narratologia), associada à análise de discurso pela identificação das categorias da
retórica aristotélica. Constatou-se que os modos de dizer do jornalismo maranhense
constituem-se de estratégias narrativo-discursivas a serviço dos grupos em disputa política.
Nesse sentido, os jornais tornam-se tribunas nas quais e pelas quais os Maranhões são
construídos como um espaço geográfico, mas, sobretudo, como um espaço simbólico da
Athenas Brasileira no qual dizer é ser.

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