Título: “Me deixem decidir se quero ou não ser mãe!”: narrativas pessoais de mulheres sobre a maternidade nas mídias digitais

Tipo: Mestrado
Ano: 2019
Orientador: Beatriz Polivanov
Link para acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/14957

Resumo
Este trabalho busca investigar de que modos as narrativas pessoais feitas por mulheres brasileiras “comuns” nas mídias sociais expõem as tensões e paradoxos em torno da maternidade. No contemporâneo, o estímulo ocupa o lugar do dever, gerando desejos que não estão isentos da influência de construções sociais, muitas delas, históricas. Ao analisar tais narrativas, a pesquisa explora a relação entre o indivíduo e a sociedade, apontando o imbricamento entre público e privado, escolhas particulares e responsabilidades no plano social, junto a ambiguidades da cultura do consumo, dogmas religiosos, determinações estatais e vivências maternas que possuem pontos de contato ou divergência com as de outras mulheres. Para tanto, o primeiro capítulo apresenta uma abordagem histórico-cultural da maternidade desde o Brasil Colônia até os dias atuais, apontando o diálogo entre práticas brasileiras e estrangeiras. O segundo capítulo propõe uma discussão sobre as narrativas pessoais no cenário contemporâneo, com enfoque em seu contexto na cultura digital e no ambiente dialógico das mídias sociais. Utilizando categorias de análise referentes aos discursos por elas produzidos, o terceiro capítulo examina que valores são negociados e disputados por meio das narrativas pessoais de mulheres sobre a maternidade, além de averiguar como a utilização de ferramentas próprias de tais plataformas visibiliza discussões que a problematizam. São analisadas nove postagens – três posts em fanpages no site de rede social Facebook, três posts em perfis pessoais no mesmo site e três posts em blogs maternos – , junto a seus respectivos comentários. O estudo se apoia nos preceitos da Análise do Discurso Mediado por Computador (ADMC) e na premissa de que as narrativas investigadas são afetivas e procuram ser efetivas, ou seja, possuem intencionalidade performática, tentando causar algum efeito por meio de sua publicação. Conclui-se que essas narrativas afetadas, com grande carga emocional e tendência a polarizações, apesar de muitas vezes representarem experiências subjetivas, permitem discutir modelos hegemônicos maternos e de maternagem mais amplamente, enquanto buscam personalizar o referencial identitário da maternidade com base nas vivências, valores e projetos de vida de suas autoras. A pluralidade de narrativas constrói discursos comuns, que revelam impasses e demandas semelhantes. Contribuem, portanto, para construções coletivas de espaços de debate sobre os dilemas contemporâneos em torno da maternidade, configurando performances atravessadas por algoritmos, redes de contatos e regras/recursos de funcionamento e interação. Pesquisa vencedora do Prêmio Compós de Teses e Dissertações Eduardo Peñuela, categoria melhor dissertação de mestrado.

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