Tipo Doutorado
Ano 2018
Orientador CEZAR ÁVILA MIGLIORIN
Título CINEMAS XAVANTES ALTERIDADE E IDENTIDADE SOB O RISCO DO CINEMA
Resumo O cinema ocupa lugar importante na trajetória dos Xavante desde a década de 1940, quando
se deram os primeiros contatos pacíficos com o Estado por meio do Serviço de Proteção aos
Índios, intensamente registrado em imagens que desde então as imagens atravessam decisivamente
sua relação com a sociedade brasileira. A tese acompanha alguns filmes que delimitam
problemas acerca dessa centralidade do cinema para trajetória étnica e política dos Xavante
desde então, enfatizando os processos de produção de alteridade e identidade. Filmes produzidos
com as imagens das frentes de pacificação serão mobilizadas para pensar um olhar
modernista e modernizante que se dirigia aos Xavante mas mirava um futuro que os atribuía a
posição ambígua de detentores de ancestralidade e objeto de tutela. Identifica-se nesses filmes
os vestígios da alteridade que resiste à assimilação e ao apagamento. Ainda no eixo da alteridade,
documentários recentes de diretores não-indígenas mobilizarão discussões acerca da
restituição da memória e revisão histórica a partir de alianças políticas. Investiga-se como
esses filmes concretizam gestos que reduzem ou potencializam a potência de alteridade das
imagens. A problematização das imagens a partir da história será retomada a partir de uma filmografia
de realizadores xavantes sobre rituais. Entende-se que tais filmes operam um gesto
além da documentação, pois concretizam a captura da técnica cinematográfica pelos Xavante.
O percurso da análise converge para o trabalho desenvolvido em um Ponto de Cultura
xavante, onde observa-se como o cinema passa a fazer parte da vida comunitária a partir de
sua articulação com outras práticas como os rituais e, sobretudo, a educação. Um último filme
produzido no Ponto será analisado a partir da questão de como a assimilação das técnicas de
produção audiovisual transformam os modos tradicionais de produção da memória e implicam
em novas possibilidades de política identitária, baseadas em um regime de produção estética
do conhecimento.

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