Tipo Mestrado
Ano 2014
Orientador PROF.ª DR.ª MARIA CRISTINA FRANCO FERRAZ
Título DO SELF AO SELFIE: O AUTORRETRATO DIGITAL E A SUBJETIVIDADE CONTEMPORÂNEA
Resumo Numa definição simples, selfies são autorretratos digitais feitos para serem compartilhados
através das redes sociais. Constituem um fenômeno contemporâneo massivo e se relacionam
diretamente com diversos aspectos da cultura contemporânea. Ainda que os autorretratos
estejam presentes nas representações pictóricas de vários períodos históricos, o intuito deste
trabalho é investigar as transformações que ocorrem nos sentidos dados à prática ao longo do
tempo. Num gesto genealógico, identificar as rupturas que possam auxiliar na compreensão
da maneira como o fenômeno se expressa e como se relaciona com as subjetividades
contemporâneas. O sujeito moderno se caracterizava pela valorização da interioridade
psicológica como lugar de exploração do indivíduo por ele mesmo. A intimidade do lar
burguês é o lugar da expressão desse self, que se constitui como sujeito introdirigido. Na
contemporaneidade, a ideia de referência identitária estável, fixa e profunda tende a
desvalorizar-se. As características encorajadas e estimuladas hoje se configuram em torno de
um ideal de autenticidade vinculado fortemente à lógica do espetáculo e da visibilidade. A
noção contemporânea de individualismo considera a autossatisfação como valor principal,
mas, paradoxalmente, parece ser extremamente dependente da aprovação alheia. Na exibição
do eu visível através das telas espera-se encontrar o olhar do outro, capaz de endossar a
existência dessas subjetividades alterdirigidas. Para além das concepções de “real” ou
“fictício”, “verdadeiro” ou “falso” tais práticas parecem indicar uma terceira via: a
performance. É através dos gestos performáticos que se exibem as superfícies visíveis dos
corpos. O sujeito contemporâneo é convocado a ser flexível, adaptável e a aprimorar-se
continuamente para ser alguém. Finalmente, esta dissertação trata da forma como se
estabelecem protocolos estilísticos para os selfies, identificando a recorrência de artigos
midiáticos prescritivos que pretendem “capacitar” os indivíduos para a produção da imagem
de si desejada.

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