Título: DESARRANJO DA VISIBILIDADE, DESORDEM INFORMACIONAL E POLARIZAÇÃO NO BRASIL ENTRE 2013 E 2018

Tipo: Doutorado
Ano: 2019
Orientador: Afonso de Albuquerque
Link para acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/15381

Resumo
Entre os anos de 2013 e 2018, o Brasil passou por um período de desestabilização das instituições democráticas, que levou à Presidência um defensor do regime ditatorial e de torturas. As mídias sociais foram frequentemente apontadas como um dos vetores desse processo, sobretudo pela articulação de campanhas de desinformação com alcance massivo e pelo tom de perseguição hostil, silenciamento e linchamento de adversários políticos. O argumento dessa tese é que esse fator deve ser investigado em conjunto com outros eixos explicativos, como o desvirtuamento das funções da imprensa de massa, do Congresso Nacional e do sistema de justiça. Dessa forma, propõe compreender as mídias sociais não como o elemento principal que minou a democracia, mas como um sintoma já avançado de um arcabouço de elementos, como o jornalismo adversarial, a dominação digital, poder das plataformas, fragmentação do sistema midiático híbrido, os excessos e ilegalidades da Operação Lava-Jato. A partir dessa oportunidade de colapso político e desconfiança na democracia, as mídias sociais catalisaram sentimentos de insatisfação e revolta operados estrategicamente por núcleos de direita. A pesquisa oferece um olhar longitudinal sobre a crise democrática brasileira, a partir da análise de 3.236.665 publicações do Facebook. Os achados desafiam paradigmas da comunicação, visto que as operações algorítmicas do news feed e sua regulação no alcance do conteúdo quebram a hegemonia da visibilidade das empresas de comunicação de massa na plataforma. Diferentemente do esperado, essa reconfiguração não necessariamente favoreceu atores marginalizados, mas privilegiou iniciativas e técnicas de captura da atenção da extremadireita; reverberando pautas de prisão de oponentes políticos, fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal e censura do jornalismo, de manifestações artísticas, das universidades e da sociedade civil. Os resultados jogam luz empiricamente sobre o desarranjo da visibilidade e da articulação de iniciativas de desinformação no Facebook e detalham como Jair Bolsonaro e grupos antipetistas construíram e coordenaram ações comunicacionais com alto poder de viralização na plataforma

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