Título: Xucrismo, bagualogia e tradição “a grosso modo”: (re)configuração dos espaços de experiência musical gauchesca

Tipo: Doutorado
Ano: 2019
Orientador: Felipe Trotta
Link para acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/16262

Resumo
O segmento da música gauchesca é hegemonicamente construído a partir da figura (masculina) do gaúcho. Logo, a centralidade das discussões a respeito do (re)processamento de identidade(s) remete, em maior ou menor grau, às questões de gênero, o que insere este trabalho no campo das masculinidades. O presente trabalho investiga os espaços de experiência musical. Em um percurso multidisciplinar e multimetodológico que concilia discussão teórica, relato etnográfico e estudo de caso, busca-se entender os diferentes processos de construção de identidade, através da música. A composição de representações hiperbólicas aliadas a um humor satírico e debochado; a animalização; resistência cultural a ideia de juventude; apropriação inversão e exaltação do estigma da grossura; a rigidez, a ordem; a disciplina; a moral conservadora; Estes são alguns das ações e simbologias operacionalizada na presentificação da figura do gaúcho e seu imaginário. Nesta pesquisa, inicialmente é traçada a cartografia dos dois principais espaços de experiência musical gauchesca: a da rede de festivais nativistas – mostras competitivas, criadas aos moldes dos festivais da MPB – e a do circuito dos bailões – grandes casas noturnas periféricas. Os embates entre os movimentos tradicionalistas e nativistas travados durante os anos 1970 e 1980 são analisados, tal qual as disputas iniciadas ao final da década de 1990 entre os agentes ligados a Tchê Music – estilo música jovem que mescla a música gauchesca a gêneros como Axé Music, Pagode, ou Rock e que desenvolveu um estilo próprio de “dança do Maxixe”. Nestes cenários a identidade gaúcha é reprocessada pelas sonoridades, performance, indumentária, dança e demais representações midiáticas, tendo a grossura e ostentação de uma masculinidade brutal como fatores que se sobressaem. Considerando o acionamento de modelos de masculinidade e a inserção da música gauchesca no mercado, as configurações da experiência musical gauchesca são analisadas em detalhe no estudo de caso do lançamento da canção Morocha, no festival Coxilha Nativista, em 1984; assim também a formação da comunidade do Youtube da dupla de estudantes universitários Lawrence e Germano, dedicada a criação de paródias – versões gaúchas de sucessos musicais, iniciada a partir do ano de 2013. Em um percurso multidisciplinar e multimetodológico que concilia discussão teórica, relato etnográfico e estudo de caso, busca-se entender os diferentes processos de construção de identidade, através da música. Considerando os respectivos contextos sócio-históricos, foram analisadas gravações fonográficas, letras, sonoridades, performances vídeos musicais, entrevistas e informações colidas em instituições como Centros de Tradições Gaúchas, instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, fã clubes, produtores de festivais, empresários responsáveis pelos grupos, gravadoras, meios de comunicação, críticos, artistas, pequenos comerciantes e público em geral.

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