Tipo Mestrado
Ano 2014
Orientador PROF.º DR.º FERNANDO ANTÔNIO RESENDE
Título NARRATIVAS JORNALÍSTICAS EM TEMPOS DE PERSEGUIÇÃO: A CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DO JUDEU NO JORNAL FOLHA DA MANHÃ (1933-1945)
Resumo Esta pesquisa analisa como o jornal Folha da Manhã moveu as peças simbólicas
disponíveis acerca dos judeus em tempos de perseguição (1933-1945). Abordaremos as
notícias enquanto narrativas (RESENDE, 2011; MOTTA, 2007) que fragmentadas e
dispersas no imenso quadro do noticiário (re)constroem saberes sobre o mundo e a
partir dele. O intuito é dar a ver nas notícias os processos complexos de indução e
naturalização de sentidos que são reafirmados como também questionados por meio da
mobilidade das representações nas narrativas. Neste sentido, iremos pontuar as rotas
simbólicas oferecidas pelas notícias sobre os judeus advindas das agências
internacionais e dar relevo a como eram tecidos os comentários de tais notícias no
Brasil. Para isso, foram erguidas três temáticas para análise. Numa primeira abordagem,
discutiremos a questão da identidade enquanto construto (HALL, 2006; BHABHA,
1996, 2011) e como o jornalismo (re)inventava uma identidade judaicaem face dos
signos em movimento. Em seguida, daremos destaque à formação do discurso
jornalístico brasileiro que ora ocorria nas décadas de 1930 e 1940 por meio do projeto
editoral do jornal Folha da Manhã(MOTA; CAPELATO, 1981). Somado a isso,
mostraremos como a gama de signos atrelada ao ódio e repulsa ao judeu dado na
História foi apropriada pelo jornal na construção da identidade judaica no contexto do
antissemitismo moderno. No último e terceiro capítulo iremos nos concentrar na
questão da memória e do esquecimento (RICOEUR, 2008) em face da cobertura
jornalística em torno do pós-guerra (1945). Nesse sentido, o intuito é mostrar como se
deu o enquadramento da memória (POLLAK, 1989) a partir de narrativas sobre o
campo, abordando modos outros de se concebera representação do que atualmente
entendemos como Holocausto.