Tipo Doutorado
Ano 2013
Orientador PROF.º DR.º JOÃO LUIZ VIEIRA
Título A aurora do mundo: propostas sobre um certo cinema contemporâneo
Resumo Uma espécie de “nova onda transnacional”, única desde meados dos anos 60, vem se
afirmando ao longo das últimas décadas. É curioso atentarmos para o fato de que
realizadores tão diferentes como Apichatpong Weerasethakul, Claire Denis, Hou Hsiao-
Hsien, Tsai Ming-Liang e Pedro Costa, além de muitos outros, tais como Edward Yang,
Karim Aïnouz, Lucrecia Martel, Gus Van Sant, apresentam uma sensibilidade em
relação aos valores do mundo e do cinema de vários pontos de contato. Algo que os
aproxima, sem dúvida, de grandes nomes do cinema moderno, reafirmando questões
tradicionais em outros termos, em um processo de radicalização do movimento de
esvaziamento da noção de representação em nome de outras formas de apreensão da
realidade. O objetivo desta tese é recuperar uma tradição esquecida dentro da teoria
cinematográfica de autores de inspiração fenomenológica, como Andre Bazin, Amédée
Ayfre, Michel Mourlet, Roger Munier e Jean Mitry, com o intuito de atender a uma
demanda que vem dos próprios filmes, que operam na diluição de todas as fronteiras e
dualismos (entre conceito e sentimento, entre corpo e personagem, entre o “real” e seus
prolongamentos espectrais, entre mise-en-scène e exercício do olhar), e procuram nos
encantar com suas imagens e força sensorial. Maurice Merleau-Ponty e Gilles Deleuze
também são convocados e nos ajudam a investigar os filmes de Denis, Costa, Tsai e
Apichatpong. O que se afirma, ao fim, é uma maneira diversa de ver o cinema, como
um processo de figuração constante, em uma dialética entre o pensado e o impensado,
entre o visível e o invisível. O cinema como uma arte que faz falar o espaço e a luz que
aí estão, que capta o olhar das coisas, que não é uma apreciação, nem um julgamento do
mundo, mas crença e fé no nascimento continuado deste.