Tipo Mestrado
Ano 2012
Orientador PROF.ª DR. ª MARIA PAULA SIBILIA
Título O BAILARINO “SEM ALMA” E O CORPO RELACIONAL: SUBJETIVIDADES E TECNOLOGIAS NA DANÇA CÊNICA CONTEMPORÂNEA
Resumo Os revolucionários precursores da dança moderna buscaram, através de uma viagem ao interior do
corpo orgânico, a origem de uma dança que fosse a genuína expressão de suas almas. Encontraramna
nos fluxos vitais e daí desenvolveram os ideais de uma arte que libertaria os indivíduos dos
gestos disciplinados que oprimiam seus corpos. No entanto, a dança expressiva moderna, de forte
cunho representacional, não tardou a ser questionada por movimentos artísticos que buscavam uma
arte esvaziada de significados profundos. Paralelamente, o modelo de um corpo orgânico também
entrou em declínio frente à crescente tecnologização da vida no decorrer do século XX. Estudos
neurocientíficos e do campo da genética elaboram novas explicações acerca de aspectos subjetivos
do humano e tecnologias de matriz digital tornam-se cada vez mais recorrentes tanto no cotidiano
quanto nas criações artísticas. Assim, a noção do que é possível fazer com o corpo passa por
reformulações, bem como é deslocado o eixo sobre o qual se constroem as identidades
contemporâneas — do interior da alma para a superfície da pele ou para a constituição biológica.
Tendo em vista tais transformações, esta pesquisa aborda algumas tematizações do corpo na dança
cênica contemporânea, levando em conta dois aspectos principais de sua condição atual: a
tecnologização e o declínio da função expressiva do gesto. O bailarino “ sem alma” surge como
uma resistência e um questionamento à maneira tipicamente moderna de se fazer dança, que esteve
centrada na figura do coreógrafo-criador e no movimento como uma manifestação da interioridade
psicologicamente constituída. No entanto, no lugar de provocar o esgotamento da noção de alma,
muitos artistas de dança contemporâneos sugerem sua transformação — de uma entidade abstrata e
incapturável para um sistema composto de transmissões neurofisiológicas e predisposições
genéticas — ou seu deslocamento — do interior do corpo para a superfície da pele, onde se dão as
relações com os outros e com o mundo. O resultado são novos corpos e novas danças que
transbordam experiências inesperadas, sugerindo outros modos de se pensar e vivenciar a condição
humana.

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