Tipo Mestrado
Ano 2015
Orientador PROF.ª DR.ª MARIANA BALTAR FREIRE
Título “ SIN PORNO NO HAY POSPORNO ” : Corpo, Excesso e Ambivalência na América Latina
Resumo P ó s-pornografia ou pós-pornô é como se convencionou chamar uma rede de produção cultural ampla e diversa que busca tensionar a pornografia como lugar privilegiado de produção de sentido sobre o corpo, a sexualidade e o desejo. Para a filósofa chilena Alejandra Castillo (2012), a ausência de uma genealogia das práticas artísticas latino-americanas vinculadas ao corpo, principalmente no que diz respeito à arte feminista, faz com que o pós-pornô esteja sendo recebido na América Latina como algo completamente novo, como uma “modernização espanhola” que nos faz sentir defasados e atrasados, quando a arte latino-americana já levantava questionamentos semelhantes nos anos 1950, até mesmo antes. Assim, procuro mostrar como o p ó s-pornô produzido na América Latina reatualiza um modo de excesso e reinscreve o ativismo queer e feminista a partir de sua relação ambivalente com os saberes e poderes dominantes. Inspirada por teóricos como Jesús Martin-Barbero (1997), Mikhail Bakhtin (2013), Peter Brooks (1995) e Mariana Baltar (2013, 2012), entendo o excesso como um elemento estético e uma matriz cultural que atravessa diversas formas da cultura popular massiva, da arte e da literatura e é pautada pela lógica do exagero, da visualidade, do sensório e do sentimental. Desse modo, esta dissertação tem como objetivo localizar a pós-pornografia latino-americana como parte de uma tradição visual-performática própria, ligada às artes e a cultura popular, que utiliza a pornografia como estratégia de choque e deboche das convenções sociais, sobretudo no que diz respeito às normas de gênero e sexualidade. Essa tradição pode ser identificada nas vanguardas literárias latino americanas, na reapropriação queer das cabareteiras mexicanas; nos Dzi Croquettes; no Movimento de Arte Pornô; nas performances de Laura De Vison, Márcia X, Pedro Lemebel e Grupo Chaclacayco, e n a tradição da arte feminista chicana de reconstruir a imagem da Virgem de Guadalupe a partir de sua r e ssexualização. Esses e outros exemplos contribuíram no sentido de reforçar, em nossa análise crítica, a tese central de que a subversão política, estética e cultural do pós-pornô reside na negociação com os códigos hegemônicos da cultura.