Tipo Mestrado
Ano 2013
Orientador PROF.º DR.º JOSE BENJAMIM PICADO SOUSA E SILVA
Título Vagabond: um estudo sobre o ritmo e as paixões narrativas nas histórias em quadrinhos
Resumo Ritmo. De tal termo acreditamos ter uma clara ideia a partir de nossa relação com músicas diversas. Se compreendemos um certo ritmo também compreendemos como nos posicionar de corpo presente, ora com mais ou menos aptidão e habilidade para dança. Porém dançar não é uma sucessão de gestos aleatórios. Seus passos e coreografia certamente são culturalmente codificados. Mas há algo no dançar que parece estar no limiar das regras estabelecidas implicitamente pela cultura. Esse excedente dos códigos culturais está presente justamente na sensação de se estar em ritmo, em sincronia com as marcações que a música oferece. Porém, se na música é fácil conceber que por meio do ritmo é possível dançar e este engajamento corporal possui condições mais aquém das convenções culturais, sem abdicar de sua possibilidade de universalização, em outros meios essa noção se torna um pouco obscura. Costumamos a falar de ritmo de um filme, de um romance, poema e até mesmo de expressões plásticas e gráficas. Costumeiramente o ritmo é apenas empregado em relação a duração das ações de um certa história, o tempo que se leva para contar algo. É esta mesma compreensão que torna difícil voltar a matriz musical do ritmo quando em outros formas expressivas. Em outros usos o ritmo parece restar apenas como uma metáfora perdida. Mas se de alguma forma usamos a metáfora da música para falar da qualidade de outras experiências é preciso investigar quais são as balizas que fazem coerente tal metáfora. A saber, o empenho do corpo em um uso sincrônico junto com o texto expressivo em questão. Aqui, dedicaremos nosso estudo à leitura de quadrinhos, investigando as formas de posicionamento do corpo do leitor em sua leitura que busca estabelecer essa sincronia rítmica. Para tanto partimos das condições gráficas e plásticas que o texto oferece (seus padrões rítmicos) ao seu leitor e das competências que este último possui. Porém tal engajamento sensório não se restringe ao gozo sensual das formas plásticas e gráficas. Assim como em música, não se trata apenas de dançar; em leitura de histórias deixamos nosso sensibilidade ser conduzida e assumimos estados passionais; construímos empatias com os personagens, nos surpreendemos e sofremos angústias que esperamos que sejam resolvidas. Assumimos, nesta investigação, que tais paixões da leitura não são estabelecidas a despeito da escansão do corpo, pelo contrário, o leitor passionalmente engajado é já um leitor corporalmente engajado.

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