Tipo Mestrado
Ano 2014
Orientador PROFº DRº MARIA PAULA SIBILIA
Título DESEMPENHO TARJA PRETA: Medicalização da vida e espírito empresarial na sociedade contemporânea
Resumo Esta pesquisa busca examinar algumas características privilegiadas nas subjetividades mais
cotadas pelo mercado de trabalho na sociedade contemporânea, características essas que são
produzidas em contato com os discursos e valores que nela se propagam. Numa época que
estimula o empreendedorismo e o gerenciamento de si, de acordo com a lógica empresarial,
bem como o “culto ao corpo” e a medicalização da vida sob uma permanente gestão dos
riscos, cabe-nos atentar para os discursos midiáticos que produzem e disseminam um
conjunto de valores morais com vigência na atualidade. Nesse sentido, os discursos que
constituem o foco desta pesquisa exaltam certos atributos, habilidades e atitudes
correspondentes às demandas empresariais do início do século XXI, tais como a
competitividade, a superação de si, a autoestima, a autonomia, a propensão ao risco e à
mudança constante, a conexão e os contatos, a imagem e a visibilidade; e, sobretudo, o que se
considera um alto desempenho em todos os âmbitos. Assim, abundam na atual produção
midiática as alusões ao “culto à performance”, com a decorrente vergonha pela
responsabilidade que implica não atingir os parâmetros usualmente demandados, além da
estigmatização ou “exclusão” daqueles que não conseguem alcançá-los. Portanto, se por um
lado essa incitação ao aumento da performance pode resultar numa busca incessante pela
extensão dos próprios limites, por outro lado, costuma derivar numa patologização dos
esforços malsucedidos. Em ambos os casos, sugere-se uma possível resolução desses
conflitos: o recurso à medicalização. Considerando esse pano de fundo, há duas principais
vertentes a serem investigadas nesta dissertação: a) o crescente consumo de tecnologias de
biorregulação do corpo e da mente por pessoas saudáveis que buscam aperfeiçoar seu
desempenho e, consequentemente, atender às expectativas do “espírito empresarial” nos mais
diversos aspectos da vida; e b) a incitação midiática para que os sujeitos contemporâneos se
concebam como doentes, contribuindo para um alargamento nos diagnósticos e um
consequente aumento no uso de medicamentos. Num contexto em que os sujeitos são instados
a se construírem como empreendedores que exploram a si mesmos em sua condição de fontes
de rendimento, sendo concebidos e gerenciados como “capital humano”, a hipótese aqui
apresentada é que há uma proliferação dos transtornos mentais e um uso concomitante de
medicamentos para tratá-los, um quadro que afeta particularmente aqueles que buscam ganhar
espaço no exigente mercado laboral do início do século XXI.

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