Tipo Doutorado
Ano 2017
Orientador KLEBER SANTOS DE MENDONÇA
Título MEDO E VIOLÊNCIA: discursos do poder As narrativas sobre o Rio de Janeiro nas páginas de O Globo (2002-2010)
Resumo A proposta desta tese é investigar como o discurso do jornal O Globo desenha as violências no Rio de Janeiro no período de três governos: Benedita da Silva (abril a dezembro de 2002), Rosinha Garotinho (2003-2006) e Sérgio Cabral (2007-2010), com o objetivo de verificar se há rupturas na forma de narrar os crimes e de se cobrar ordem e segurança na Cidade Maravilhosa, às vésperas da criação das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), que também antecedem o projeto da cidade-empresa, que sediará grandes eventos mundiais. A pesquisa se debruça sobre aquilo que o jornal vai chamar de episódios violentos na cidade, sobre os sujeitos que têm relação com esta realidade e, finalmente, sobre os conflitos que terminam em mortes e se transformam em fatos midiáticos espetaculares que darão início a narrativas chamadas de Guerra do Rio. Esta guerra terá como grande inimigo o tráfico de drogas e tudo aquilo que vem a reboque dele. O estudo parte da hipótese de que O Globo muda sua estratégia de narrar as violências em Cabral, refletindo na imagem de um Rio mais seguro mundialmente. Ao descortinar enunciados sobre as violências, encontramos um mapeamento da cidade violenta, com suas áreas de risco e desordem, em geral, apontando para a criminalização dos pobres que vivem na favela sob o que a instância jornalística chamará de ditadura do tráfico. As análises permitem concluir que não há rupturas na cobertura do jornal, mas silenciamentos sobre tantas violências cotidianas, enquanto joga-se luz sobre violências outras, apontando sempre como soluções o uso da força armada e a ampliação da vigilância. No lugar de um Rio menos violento e mais livre, como se apresenta o discurso jornalístico do periódico no ano em que se encerra esta análise, em 2010, o que encontramos foi um Rio que repete ações típicas dos períodos do estado de exceção, mas que se mostra pelo jornal uma cidade que finalmente vence o tráfico e se abre para a democracia.