Tipo Doutorado
Ano 2015
Orientador PROF.º DR.º KLEBER SANTOS DE MENDONCA
Título PODE O SUBÚRBIO FALAR? A dislexia discursiva como estratégia de silenciamento e enquadramento das vozes
Resumo A proposta dessa tese é investigar e problematizar a produção de sentido dos espaços sociais na cobertura jornalística do jornal O Globo. A pesquisa se debruça sobre a questão da integração do subúrbio do Rio de Janeiro devido às obras de reurbanização da cidade, que desembocam, entre outros aspectos, na questão da mobilidade. O estudo parte da hipótese de que o jornalismo disputa os significados pela imposição dos sentidos a partir do alijamento das vozes dissidentes ao consenso discursivo da integração. O jornalismo em sua condição de representante do equilíbrio entre a neutralidade e o posicionamento crítico tem em seus usuais rituais de objetividade e imparcialidade a estratégia de silenciamento e direcionamento discursivo – o que escancara os ordenamentos dos sentidos pela orquestração das falas. Assim, essa pesquisa propõe o conceito de dislexia discursiva como a competência midiática de reconfigurar a inscrição cidadã aos fluxos harmoniosos do consenso jornalístico. Se o jornalismo garante legitimidade na usurpação do contraponto das vozes silenciadas é porque se fortalece no pacto de confiança leitor/jornal, cuja crença na aura de transparência reconhece o poder e possibilita à imprensa jogar com os sentidos polissêmicos na linguagem jornalística. A hipótese final é de que a dislexia discursiva assegura ao jornalismo a potência das estratégias de manutenção não apenas de um status quo “subalterno”, no qual o subúrbio está imerso em sua historicidade midiática, como a legitimação do consenso se torna forma de imobilizar resistências.

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