Título:  Lugar de mulher é no YouTube: atravessamentos entre dinâmicas de ativismo, consumo e microcelebridades

Tipo: Doutorado
Ano: 2019
Orientador: Simone Pereira de Sá
Link para acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/16375

Resumo
A tese se propõe a investigar os sentidos atrelados à emergência das chamadas “influenciadoras digitais engajadas” no cenário midiático contemporâneo. Partimos da hipótese de que sua visibilidade pode ser tomada enquanto possível emblema de transformações que ocorrem no cruzamento de instâncias mercadológicas, afetivas e materiais, em meio a uma conjuntura na qual a própria constituição de cidadania é atravessada de forma crescente pelo processo de midiatização e datatificação (COULDRY e HEPP, 2017) da sociedade. Investigamos a circulação e o conteúdo de vídeos de três youtubers associadas ao feminismo no YouTube: Júlia Tolezano, do canal Jout Jout Prazer, Maíra Medeiros, do canal Nunca Te Pedi Nada, e Nátaly Neri, do canal Afros e Afins, reconhecidas pela própria plataforma enquanto produtoras de conteúdos socialmente relevantes. Com o objetivo de compreender as articulações (HALL, 2003) que permeiam esse reconhecimento, a análise é construída a partir de um referencial teórico-metodológico ancorado principalmente na intercessão entre autores dos estudos culturais e teóricas feministas, além de abranger discussões relacionadas às práticas de microcelebridades (MARWICK, 2015) e reconfigurações do ativismo a partir da construção de laços afetivos em plataformas digitais. Dessa forma, buscamos elaborar um mapa conceitual que permita compreender que elementos tecem a ascensão midiática dessas mulheres enquanto sujeitos visíveis na rede e como esses elementos se relacionam entre si. Após o refinamento e discussão dos principais conceitos convocados por esse debate, o material empírico é examinado em dois momentos. No primeiro, realizamos um mapeamento de youtubers “engajados” no país e seu vínculo com campanhas institucionais do YouTube, enfatizando o papel da empresa enquanto articuladora dessa rede entre os anos de 2016 e 2018. Em seguida, utilizamos uma metologia mista, baseada sobretudo na análise de conteúdo, para explorar qualitativamente 60 vídeos produzidos por Tolezano, Medeiros e Neri no mesmo período. Concluímos que as performances de feminismo e feminilidade apresentadas nas produções apontam para uma complexificação do chamado feminismo popular (BANER-WEISER, 2018). Neste cenário, o ativismo é parte de um intrincado e, por vezes, contraditório processo de negociações que envolve instâncias mercadológicas e vínculos afetivos sustentados pelas experiências compartilhadas com o público.

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