Tipo Mestrado
Ano 2016
Orientador PROF.º DR.º FERNANDO ANTONIO RESENDE
Título QUEM ACREDITA EM GARCÍA MÁRQUEZ? UMA REFLEXÃO SOBRE AS DERIVAS DO JORNALISMO
Resumo Este trabalho lança um olhar sobre obra não-ficcional de García Márquez, com o objetivo de propor uma reflexão sobre os fundamentos epistêmicos do discurso informativo. Tomando o Relato de um náufrago (1955) como corpus central, uma vez que a assinatura da obra chegou a ser alvo de disputas judiciais entre repórter e entrevistado, são elaboradas considerações que giram primordialmente em torno do problema da realidade, da representação e da autoria. A primeira das hipóteses defende que os termos evocados com frequência para descrever as particularidades da obra de García Márquez como jornalista – um “jornalismo mágico” e um “jornalismo literário” – denotam essencialmente desvios, isto é, componentes estranhos ao que deveria obedecer um jornalismo supostamente puro e fiel aos primados da objetividade. Tais desvios consistirão, por sua vez, na identificação do elemento ficcional nas narrativas. Sendo assim, exploraremos, por um lado, de que formas o mágico escapa a uma percepção racionalista e cientificista da realidade, problema recorrente na literatura latino-americana; por outro, como o literário sobreleva o caráter estético da mediação, dissimulado na maior parte das vezes pela retórica da objetividade. A segunda hipótese, por sua vez, defende que enquanto o discurso informativo vai buscar encobrir o autor para legitimar-se como espelho do real, o discurso literário tenderá a divinizá-lo para que funcione como um regulador da ficção. Nesse mérito, analisaremos as disputas acerca da autoria do Relato de um náufrago, reportagem publicada em jornal e assinada pelo marinheiro em 1955, e relançada em 1970 com créditos exclusivos à García Márquez. Aqui não nos interessará propriamente o litígio entre dois indivíduos, mas as negociações e embates entre o discurso informativo e o literário, no intuito de desconstruir as premissas autoritárias em que se baseiam a retórica da transparência e a transcendência autoral.

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